Melba Costa foi a primeira médica portuguesa no Canadá assim como, anteriormente, em Angola.
Nascida em Lourenço Marques, Moçambique (actual Maputo), a Dra. Costa formou-se pela Faculdade de Medicina de Lisboa em 1940. Tornou-se assistente do Professor Gentil, fundador do Instituto Português de Oncologia, na altura, um dos mais avançados centros de pesquisa do mundo na luta contra o cancro.
Posteriormente cursou na Sorbonne, em Paris, especializando-se em ginecologia. Em 1950 iniciou a sua prática clínica em Luanda, Angola, até 1955. Era a única mulher médica em Angola. De 1955 a 1959 trabalhou como oficial médica da Organização Mundial de Saúde (WHO) na Índia.
A Dra. Melba Costa nunca militou em qualquer partido politico. Contudo, as suas ideias progressistas chamaram a atenção da infame polícia secreta portuguesa (PIDE/DGS). De regresso a Portugal, em 1959, viu-se constantemente sujeita a vigilância e assédio. Em 1961 foi impedida de seguir viagem marítima para Angola e, em duas ocasiões, foi retirada do combóio na fronteira espanhola, quando tentava viajar para o estrangeiro. Da mesma forma, mesmo acompanhada pelo embaixador da Grã-Bretanha em Portugal, foi obrigada a sair do avião em que viajaria para fora do país. Eventualmente, a PIDE/DGS abrando a sua vigilância e permitiu que ela saísse de Portugal, quando lhe foi concedida uma bolsa pela prestigiosa Fundação Fulbright, para prosseguir pesquisa oncológica no Roswell Park Memorial Institute de Buffalo (Nova Iorque).
Imigrou depois para Toronto, Canadá, e abriu consultório em Toronto na esquina da College St. e Manning Ave., no ano 1963. Aí, a Dr. Costa estabeleceu uma prática exaustiva de constantes visitas matinais aos hospitais, onde se encontravam internados os seus doentes, seguidas de consultas regulares durante todo o dia, terminando as suas jornadas de trabalho voltando a visitar os seus pacientes ao domicílio. Assim o fez, diariamente, até que se reformou em 1981. Em Junho de 1990 foi agraciada pelo Governo Português com as insígnias de Comendadora da Ordem de Mérito.
Melba Dias Costa foi uma pioneira no seu campo de acção, enveredando por uma carreira que poucas haviam previamente ousado empreender, com grandes sacrifícios pessoais, no intuito de facilitar e trazer benefícios às gerações futuras. A sua aptidão para ultrapassar barreiras sociais foi extremamente significativa, na sua época, para alguém que era simultaneamente mulher e minoria visível. A formatura pela Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1940, foi um marco raramente alcançado por mulheres e pessoas da sua etnia. Ela desafiou as expectativas sociais para as mulheres do seu tempo, em busca de objectivos profissionais, ao invés de se confinar à vida do lar. A sua epopeia como mulher imigrante foi única e encontra-se reconhecida, por uma placa com o seu nome, no Museu Pier 21, em Halifax, em rei reconhecimento dos imigrantes que vieram para o Canadá.
A médica era viúva do Engenheiro Fernando Barreto e Costa com quem teve os dois filhos Fernando e Motilal.
No dia 12 de Maio de 2007, ela faleceu em paz, na companhia de seus familiares.
*Melba Costa’s biography was provided to us by her son, Fernando Costa, who works as a lawyer in Toronto.
Follow us!