Visto que temos falado da cultura e das lendas da sociedade portuguesa, achei importante falar sobre a Revista Orpheu. Em Portugal, pode se dizer, que demorou sempre algum tempo a ser implementado as tendências que aconteciam no estrangeiro, mas quando aconteciam, teriam um grande impacto para o futuro. A Orpheu não foi a excepção deste fenómeno, muito pelo contrario, foi a grande exposição de grandes nomes e símbolos da cultura portuguesa.
Inicialmente, a Orpheu, faria justiça ao movimento futurista português. Era entendido que seria uma edição trimestral e que seria uma parceria luso-brasileira. Entre seus colaboradores nomes como Fernando Pessoa, Almada Negreiros ou Mário Sá Carneiro escreviam ou desenhavam as páginas desta iniciativa humanista. A revista foi fundada em 1915, sendo que só teria três edições: Orpheu 1, Orpheu 2 e Orpheu 3. A primeira publicação, correspondia a Janeiro-Fevereiro-Março, era composta de nomes como Fernando Pessoa e Álvaro de Campos (seu heterónimo), Almada Negreiros, Mário Sá Carneiro, Ronald de Carvalho (que também era o director da secção brasileira) entre outros. Esta edição deixou o cenário literário português em choque, pois rompeu com o conservadorismo que era típico da altura e mais tarde foi considerado como o marco e transição para a página do modernismo português.
O Orpheu 2 sairia em Junho do mesmo ano, correspondendo a Abril – Maio – Junho não desiludiu, agora com Pessoa e Sá Carneiro na sua direcção, acentuando a forma e o estar de ambos na edição, sendo talvez mais provocador ainda. Aqui Álvaro de Campos publicou o seu “Ode Marítima” que se tornou um dos mais famosos poemas de Campos. Contudo, apesar dos passos inicias que a revista dava, já sofria de inúmeros males. Entre eles a inesperada partida de Sá Carneiro para Paris e o bloqueio financeiro que seu pai faria que prevenia a continuação das publicações. Pessoa e Sá Carneiro mesmo assim acreditavam na continuação e anunciaram que a próxima edição seria publicada em Outubro com um mês de atraso. Infelizmente, não aconteceu e a edição acabou por não acontecer até meados dos anos 80, não pela mão de nenhum dos que tinham fundado a iniciativa mas por Arnaldo Saraiva.
Nos próximos comentários, iremos olhar sobre três ou quatros destes membros que contribuíram para a transformação da literatura e arte portuguesa e que se tornaram homens que mudariam o cenário artístico e literário para sempre.
Mauro Martins Antunes