Até este ponto, temos vindo abordar o papel de mulheres na sociedade Portuguesa. Falamos de Florbela Espanca e a relevância que teve na literatura Portuguesa. Falamos de Beatriz Costa e a relevância que teve no cinema Português, para além de levar o conceito luso da sétima arte para um nível internacional. Hoje para finalizar este capítulo, decidi, vos trazer a história da Padeira de Aljubarrota. A história desta padeira, é muitas vezes confundida entre realidade ou simplesmente um mito urbano. Contudo ao passar dos séculos, para além de se tornar um ícone importante da História de Portugal, é também um marco e possivelmente uma história que leva a pensar sobre a relevância em geral das mulheres na sociedade Portuguesa.
Estima-se que a Padeira de Aljubarrota, que dava-se pelo nome de Brites de Almeida, viveu durante as guerras de 1385-89 entre Portugueses e Espanhóis. Reconhecida pela sua robustez e personalidade forte. Ela, que segundo alguns historiadores, nasceu no sul perto de Faro. Segundo a lenda, teria uma vida cheia de aventuras e de desavenças com amores. A lendária padeira, acabaria por se estabilizar em Alcobaça, mais precisamente em Aljubarrota. Aqui, ela estabeleceria uma padaria local e casar-se-ia com um Lavrador. Antes de entrar em pormenores sobre a relevância da padeira, é bom contextualizar o período que se vivia em Portugal.
D. Fernando que não haverá conseguido gerar um herdeiro masculino para o torno, após a sua morte em 1383 deixou o trono a deriva. Mesmo assim, no mesmo ano da morte de D. Fernando, D. João é aclamado pela Corte de Coimbra dando inicio a dinastia de Avis. Contudo o Reino de Castela vê como oportunidade a falta de estabilidade que se segue e decide atacar o reino português. A este período, é chamado o período das crises de 1383-5. D. João consegue derrotar as tropas castelhanas, e são nestas batalhas que a Padeira de Aljubarrota se torna uma das peças incontornável das História de Portugal.
Reza a lenda, que a Padeira, também dona de uma albergaria em Alcobaça, se tinha ausentado da sua pousada para ir ajudar na luta contra os castelhanos. Mas quando voltou aos seus afazeres, apercebeu-se que havia alguém que se tinha refugiado nas suas instalações. Logo, com a sua distinta coragem, Brites, descobriu que havia cerca de sete homens escondidos no seu forno. Quando tentou os confrontar, estes indivíduos não responderam, então ela apercebendo-se que se tratavam de castelhanos, matou-os a todos com a sua temível pá de padeira! Segundo a lenda, a padeira, a partir daquele episódio, decidiu mobilizar outras quantas mulheres para criar um melícia para suportar os homens na guerra contra os castelhanos na defesa do orgulho lusitano.
Em conclusão, podemos tirar algumas ilações. Primeiramente, em tempos de grande instabilidade e incerteza a cerca do futuro da continuação da independência de Portugal, caso esta história realmente seja uma lenda, houve necessidade da criação de alguém para dar esperança, essa pessoa foi uma mulher. Uma mulher que se tornou o pináculo de coragem e o modelo para matriarcas que defenderiam as suas famílias até às últimas consequências. Caso esta história seja realmente real, mais uma vez a destreza apresentada pela figura da Padeira de Aljubarrota não foi levada em vão, tornando-se uma fonte de inspiração e de heroísmo.
Mauro Martins Antunes