Após ter falado de Almada Negreiros e da sua relevância não só no contexto da Orpheu mas também para o público português é importante olhar para outra pessoa de igual relevância: Mário de Sá Carneiro. Na minha humilde opinião é imperativo falar de Sá Carneiro para podermos perceber um pouco mais até de Fernando Pessoa. Mário, certamente conseguiu se tornar no melhor amigo de Pessoa durante a sua vida fugaz.
Mário Sá Carneiro nasceu a 19 de Maio de 1890. Gerado numa família abastada e que sempre lhe permitiu parte das suas excentricidades. A sua primeira grande perda, talvez contribuísse para parte dos seus fantasmas, foi a sua mãe, que morreu quando Mário apenas tinhas 2 anos. Mário, criado na quinta dos seus avós perto de Camarate, desde muito jovem provou o seu brilhantismo, quando com apenas 12 anos já traduzia obras de Victor Hugo e com 16 aventurava-se para outras obras de autores como Goethe entre outros. Aos 21, decide matricular-se em Coimbra no curso de direito. Contudo, desiludido com a cidade dos estudantes, nem sequer termina o primeiro ano do curso. No ano a seguir a sua vida leva-o a conhecer aquele que seria o seu melhor amigo, o grande Fernando Pessoa.
Mário, após ter desistido do seu curso de direito, embarca noutra aventura rumo a Paris. Nesta aventura para poder continuar os seus estudos superiores, Mário mantem contacto com Portugal e entre 1913-4 vem a Lisboa diversas vezes. Em Paris, Mário é seduzido pela a vida boémia, chegando mesmo a passar fome em diversas ocasiões. Foi neste período que Mário Sá Carneiro, integrou no grupo de Negreiros e Pessoa, que culminou na revista Orpheu. O pai de Mário financiou parte do projecto.
Em 1915, após a publicação da segunda edição da revista que foi obrigado a voltar a Paris para terminar os seus estudos. Sá Carneiro manteve a proximidade com Pessoa, escrevendo-lhe frequentemente e confessando os seus desesperos de atravessar os seu próprio labirinto. Na primavera de 1916, Mário Sá Carneiro escreveu a ultima carta ao seu querido amigo, Pessoa, despedindo-se e anunciando a sua decisão de tomar uma dose mortal de comprimidos. Nessa carta, Mário diz que já nada mais tem para oferecer e por isso chegou o final para ele. Com apenas 25 anos de idade morreu um dos génios da literatura portuguesa, que somente viria a ser reconhecido como tal através da publicações das suas correspondências com Pessoa e com outros igualmente relevantes nomes da sociedade portuguesa.
Mauro Martins Antunes