Nestas ultimas semanas temos falado de diversas figuras do movimento futurista português. Apresentamos a revista Orpheu, que embandeirava este conceito modernista e que era participado de figuras que contribuíram para o vasto património nacional de artes e literatura. Depois embarcamos na vida de Almada Negreiros, passando brevemente pela vida de Mário de Sá Carneiro, chegando hoje ao último segmento – não porque não haja mais para falarmos acerca deste assunto, mas seria injusto só dedicar este espaço a este movimento – que será dedicado a este movimento com a breve história de Guilherme de Santa-Rita.
Guilherme de Santa-Rita, mais conhecido por simplesmente Santa-Rita Pintor, nascido em Lisboa a 31 de Outubro de 1889. É sem qualquer sombra de duvida, uma figura mítica da pintura portuguesa, talvez devido a sua excentricidade, como Sá Carneiro uma vez atribuiu: um tipo fantástico mas insuportavelmente vaidoso. Santa-Rita era um monárquico convicto que acreditava que era necessário trazer de volta a velha monarquia. Formou-se na Academia Real das Belas Artes, conseguindo uma bolsa para ir para Paris. Acaba por perder esta bolsa, dois anos após a sua partida, devido a um conflito com o embaixador português em França. É durante estes anos em França que conhece Sá Carneiro e também adere ao movimento futurista internacional. Expõe algumas das suas pinturas em França, entre elas a famosa pintura O Ruido num quarto sem móveis.
Santa-Rita fez parte tanto da Orpheu como do projecto Portugal Futurista. Sua intenção em trazer este movimento para Portugal com o intuito de chocar as mentes mais conservadoras e fazer uma ruptura com o passado de forma a instaurar um novo ciclo na arte portuguesa. Santa-Rita nunca expôs nenhuma das suas obras em Portugal. Ele que acabaria por ser vítima de tuberculose e falecer em Abril de 1918. No seu testamento ordena que todas as suas obras sejam queimadas e dizimadas. Infelizmente, só duas pinturas centrais foram conservadas derivado a serem publicadas nas edições de Orpheu e também algumas notas que ele tinha desenhado enquanto frequentava o seu curso na academia.
Talvez é legítimo fazer uma correlação entre a vida destes promotores do movimento futurista português com a vida daqueles que mais contribuíram. Em ambos os casos foram fugazes mas tiveram um impacto histórico no contexto da cultura portuguesa.
Mauro Martins Antunes