Depois do último posto, acerca da padeira de Aljubarrota, em que falamos sobre o conceito de história e de mito, achei interessante falarmos sobre D. Sebastião. Visto que estamos nesse período de história, achei interessante falarmos do quão importante a morte e a lenda que surgiu a seguir foi para a narrativa da história portuguesa. Como já disse algumas vezes, a narrativa desenvolvida no trajecto de Portugal, foi sempre uma narrativa de contexto, dai sempre saíram histórias que ajudavam o povo português a ultrapassar as dificuldades da realidade desse determinado período.
D. Sebastião nasceu em 1554 em Lisboa. Tornou-se herdeiro do trono com apenas três anos de idade após a morte do seu avo. Sebastião sendo neto materno do imperador Carlos V, teve acesso a outras monarquias europeias em que foi educado pelos jesuítas. Essa influência religiosa viria a ser importante na forma como a ameaça dos mouros no norte de África era interpretada pelo Rei. O império turco alastrava a sua presença pelo norte de África de forma evidente. Sendo que quando o rei D. Sebastiao, na sua tenra idade de 24 anos, vi uma necessidade de travar o alastramento para Marrocos, que mais tarde poderia se tornar uma ameaça para o império português. Então em 1578, apesar da pouco ou nenhuma experiencia militar do rei, embarcou numa expedição para Alcácer de Quibir. Para além da falta de experiencia do rei, havia outro factor que se tornaria importante para o futuro do imperio: o rei não tinha herdeiros.
Já em Alcácer, há relatos que durante a noite, os cavalos do inimigo galopavam por entre o acampamento sem serem vistos, só para aumentar a insegurança das tropas portuguesas. Segundo alguns relatos, foi aconselhando ao rei D. Sebastião, se render aos mouros, mas em resposta a tal coisa, o rei respondeu que a o preço da liberdade real era a vida, palavras que instigaram a ultima onda de coragem das suas tropas até ao fim da batalha. Após estas palavras, os relatos são que o rei deixou de ser visto quando na batalha ele continuou até ao fim.
O seu desaparecimento criou imensos problemas para o império português. Primeiro, sem herdeiro ao trono, houve tentativa de trazer substitutos mas todos acabaram por não conseguir manter a legitimidade do trono, tornando o trono português presa fácil para o trono espanhol que já há muito tentava unificar a península ibérica sem sucesso. Isto acabaria por acontecer em 1580, quando Filipe II de Espanha, torna-se Filipe I de Portugal. Contudo, o inconformismo do povo português com a maneira e falta de certezas sobre a real morte de D. Sebastião, permitiu que houvesse esperança para que o jovem rei pudesse retornar e clamar o trono de volta. Então, segundo a lenda de D. Sebastião, numa manha de nevoeiro, assim como ele desapareceu por entre os seus homem em combate no seu cavalo branco, ele retornaria para salvar o reino de Portugal. Ele tornar-se-ia na única esperança do povo lusitano, para devolver a mítica e o propósito de luta portuguesa.
Esta esperança, tornou-se deveras complicada para os três reis espanhóis que se seguiram, durante os 60 anos de domínio. Em que Filipe I de Portugal, mandou transladar um corpo, que supostamente era o de Sebastião para ser sepultado no Mosteiro do Jerónimos, onde pode ser visto até hoje. Contudo isto pouco ou nada serviu, visto que a duvida se era o corpo do Rei realmente, reinava e a esperança no retorno do rei para salvar o império era maior que qualquer rei poderia suprir.
Mauro Martins Antunes